07/09/2018

RESENHA: O Fundo é Apenas o Começo - Neal Shusterman

O Fundo é Apenas o Começo
Autor: Neal Shusterman
Editora: Valentina
Páginas: 272
Edição: 1
Ano: 2018
Uma poderosa jornada da mente humana, um mergulho profundo nas águas da doença mental.
CADEN BOSCH está a bordo de um navio que ruma ao ponto mais remoto da Terra: Challenger Deep, uma depressão marinha situada a sudoeste da Fossa das Marianas.
CADEN BOSCH é um aluno brilhante do ensino médio, cujos amigos estão começando a notar seu comportamento estranho.
CADEN BOSCH é designado o artista de plantão do navio, para documentar a viagem com desenhos.
CADEN BOSCH finge entrar para a equipe de corrida da escola, mas na verdade passa os dias caminhando quilômetros, absorto em pensamentos.
CADEN BOSCH está dividido entre sua lealdade ao capitão e a tentação de se amotinar.
CADEN BOSCH está dilacerado.
Cativante e poderoso, O Fundo é Apenas o Começo é um romance que permanece muito além da última página, um pungente tour de force de um dos mais admirados autores contemporâneos da ficção jovem adulta.
É um livro confuso, mas que faz todo sentido.

O Fundo é Apenas o Começo conta a história de Caden Bosh, um adolescente super família, estudiosos e que adora jogar com seus amigos. Porém, com um tempo as coisas começam a mudar... paranoias começam a surgir. Será que a família realmente quer o bem dele? e os amigos? as vozes dentro de si começam a falar com uma intensidade alarmante. Mas quem poderia ajudá-lo? as vozes dizem que ninguém. 

Em paralelo, acompanhamos o Caden abordo de um navio. Onde o capitão designa um papel para ele dentro desse grande navio, que é cheio de peculiaridades como papagaio, homens com tatuagens falantes e outras coisas que só a imaginação é capaz de criar. Mas quando a imaginação parece tão real? será que não é real?
O livro parece ser confuso - principalmente no começo, porque vamos sendo apresentados ao Caden e acompanhamos os indícios de seu distúrbio mental externamente, porém temos a realidade da imaginação do nosso protagonista dentro do navio, que percebemos que as coisas já estão bem intensas. 

Essa obra é bem intensa, acompanhar o Caden em suas alucinações chegam a ser perturbadoras. Tem momentos que ele fala só, acha que os pais são impostores, apesar de não escutarmos essa voz, ela é tão clara para o leitor, sabe?! A principio não conseguimos ligar essas viagens da imaginação com a realidade, mas tudo se torna mais claro quando o nosso protagonista é internado.
“O que acontece quando o seu universo começa a sair do ponto de equilíbrio e você não tem a menor experiência em reconduzi-lo ao centro?”
Os pais do Caden demorou um pouquinho pra tomar a decisão de levá-lo para uma clínica, mas na verdade creio que a demora tenha sido causada pelo fato deles não quererem assumir pra si próprios que o filho estava passando por isso. Coisa que a gente sabe que acontece muito, mas já deixa pro leitor o aviso, que quanto antes a gente enxergar os problemas dos próximos é melhor, para que possamos ajudá-los. Mas depois da decisão tomada, foram super presentes e prestaram todo apoio que podiam... e foi incrível visualizar esse amor e respeito, ainda mais quando o próprio Caden se deu conta disso.

E o que falar do nosso protagonista? Nós vivenciamos toda a dor, ilusões, alucinações, medos, frustrações... é impossível não sentir empatia por ele, querer ajudá-lo, confortá-lo, mas as coisas não são tão fáceis. 
“– Não há nada a temer a não ser o próprio medo.”
Na clínica o Caden conhece outros pacientes, consequentemente nós também. Foi muito bacana conhecê-los também e devo admitir que me despertou curiosidade em saber mais... eles nos trazem grandes reflexões, já que passaram por seus momentos bem complicados, nos dando uma visão mais ampla das doenças mentais, a reação individual e a forma que as pessoas ao redor reagiam.
“Há muitas coisas que não entendo, mas de uma tenho certeza absoluta: não existe diagnóstico "correto", somente sintomas e nomes para conjuntos de sintomas. Esquizofrenia, espectro esquizoafetivo, bipolar I, bipolar II, depressão psicótica [...]. O rótulos não significam nada, porque não existem dois casos idênticos. Cada pessoa tem uma evolução e responde ao tratamento de um jeito, de modo que nenhum prognóstico pode ser infalível.”
O Fundo é Apenas o Começo nos trás uma trama real, dolorosa e intensa sobre uma realidade sobre as doenças mentais que infelizmente é pouco conversada/debatida, apesar de atualmente estarmos falando um pouco mais sobre, ainda é pouco. Essa obra foi escrita pelo Neal Shusterman com inspiração no seu próprio filho, Brendan Shusterman, que desenvolveu um quadro de esquizofrenia anos atrás, então não esperem romantização de algo tão sério, mas sim algo crível, de uma doença que se não for trabalhada em conjunto destrói tudo ao seu redor.

Uma curiosidade sobre a obra: O fundo é apenas o começo possui várias ilustrações feita pelo próprio Brendan. 

Sem dúvidas esse livro mexeu muito comigo, por toda sua carga dramática e seu tema importantíssimo para a sociedade. É uma obra impactante sim, e que deveria ser lida por todos!
~~~

Nesse mês temos a campanha: Setembro Amarelo, que tem o intuito de alertar a sociedade sobre a prática do suicídio no Brasil. O Caden fez um comentário sobre e eu compartilho com vocês:
“Se você precisa ficar a um triz de perder a vida só parar gritar por socorro, há alguma coisa errada. Ou você não estava gritando alto o bastante, ou as pessoas na sua vida são cegas, surdas e mudas. O que me leva a pensar que não é só um grito de socorro – é mais um grito para ser levado a sério. Um grito que diz: "Estou sofrendo tanto que o mundo precisa, pela primeira vez, parar e me dar atenção.”

Caso vocês estiverem precisando conversar e/ou de apoio, no Brasil existe o CVV:
“O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.”
Para maiores informações, acesse: https://www.cvv.org.br/


13 comentários

  1. Poxa, Kamilla, haja coração com essa resenha...
    Quando vi esse livro eu não tive interesse, mas li a 1° resenha e acabei me interessando. Depois vi que é uma leitura forte, o tema abordado me assusta... agora fico dividida em querer ou não querer ler.
    Gostei muito desse trecho que escolheu para finalizar, e isso me fez querer ler novamente.

    Beijos

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  2. Nossa, esse livro parece mesmo muito intenso, fiquei interessada mas ao mesmo tempo acho que não estou num ótimo momento para encará-lo. Mas vou deixar aqui anotado por que parece incrível. E todo o lance do autor ter um filho com a mesma doença e ter ilustrações dele, enriqueceu mais ainda. Ótima resenha :D

    http://castelodoimaginario.blogspot.com/

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  3. Essa sua frase inicial deixa a gente com uma pulga atrás da orelha e bem curioso pra ver a resenha, porque é uma frase bem contraditória hahahaha.
    Eu sempre falo que a mente da gente é bem frágil e que deve ser tratada com muito cuidado. O tema é excelente ainda mais nesse mês tão especial... escolhi saúde mental pra trabalhar numa unidade de saúde como projeto da faculdade. Esse livro parece ser especial e que faz você entrar um pouco nesse mundo tão complexo!
    Muito interessante o fato de ser inspirado em um fato real, né?
    Abraços

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  4. É uma leitura que abala as emoções do leitor, só de imaginar o que o personagem e a família passam em uma situação assim não é nada fácil, a leitura parece confusa por não se saber o que é real ou imaginação, mas parece que depois que tudo se encaixa fica tudo bem claro. Fiquei com muita vontade de ler, ainda mais sabendo que o autor inspirou no próprio filho mexe mais com a gente.

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  5. Oi, Kamilla!
    Gostei muito da forma como o Neal intercalou os capítulos do livro, ainda que no começo pareça um pouco confuso mesmo, acho que esse movimento é essencial para que tentemos chegar perto do que deve acontecer dentro da cabeça do Caden e entender, ainda que parcamente, seus sentimentos. A leitura desse livro me marcou muito e agora toda oportunidade que tenho volto a indicar para as pessoas que conheço.
    Beijos!

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  6. Olá, Kamilla
    Li várias resenhas desse livro, mas a sua esta perfeita.
    Quero muito ler esse livro, penso que a leitura dele vai me ajudar em alguns aspectos no meu trabalho.
    Gostei muito que o autor escreveu o livro pensando no seu filho.
    Beijos

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  7. Oi, Kamilla!
    Gente, eu nunca ia imaginar que esse livro fala sobre doença mental. O pior é que às vezes os pais preferem fechar os olhos a admitir que seus filhos estão doentes. Deve ser uma experiência diferente, já que o Neal escreveu inspirado na doença do seu filho.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Concorra a um exemplar autografado de O que eu tô fazendo da minha vida
    Sorteio de aniversário Balaio de Babados e O que tem na nossa estante. São quatro kits; um para cada ganhador

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  8. Oie amore,
    Não conhecia o livro, mas já me encantei com essa capa e com o que vi por aqui!
    Nossa parece ser bem intensa a história - ainda mais que diz respeito a mente humana, que como minha avó dizia, é terra onde não se pisa.
    Fiquei muito curiosa pra ler esse livro e já anotei a dica aqui.

    Beijokas!
    www.facesdeumacapa.com.br

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  9. Oi.

    Já conhecia esse livro e queria muito lê-lo pelo autor, que eu curto muito. De fato ele é um pouco confuso, comecei a ler e não estava entendendo bem o que estava lendo, ainda não consegui terminar, então não sei dizer como foi o final do livro para mim. Estou para continuar, e ainda bem que o livro não é todo confuso, acho que vou gostar muito dele quando chegar ao final.

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  10. Kamilla!
    Não li nada do autor ainda, embora tenha lido várias resenhas de outros livros dele.
    Gostei de ver que os capítulos são curtos e que ele aborda a mente de uma pessoa com esquizofrenia.
    Gosto dos livros com temas que abordem doenças psicológicas e que nos façam refletir e aprender mais.
    “O prazer dos grandes homens consiste em poder tornar os outros felizes.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA SETEMBRO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  11. Parece ser um livro incrível. Um enredo para se ler com calma, até porque o enredo exige total entrega já que pode se tornar confuso em algumas partes. Se torna ainda mais interessante ao saber que foi inspirado no filho do autor. Que legal as ilustrações que o livro traz. Dica anotada.

    Evandro

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  12. A temática do livro é forte e vale a pena ler, pois como você citou, nada como a gente reparar no próximo e ver se ele passa por algum problema,pois o quanto antes diagnosticado, melhor o tratamento. Imagina passar por tudo isso sem apoio, ainda bem que nosso personagem teve seus pais para apoia-lo, isso já ajuda na força de vontade em melhorar!!

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  13. A temática do livro é realmente algo bem pesado mas eu não fiquei tão interessada em ver ele já tive uma experiência com esse autor e não foi algo que eu recomendaria eu quero ter novamente começando pelo que a sinopse desse livro é muito confusa eu realmente acho que não é hora para ler ele

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